A inflação de outubro trouxe desafios maiores para famílias de baixa renda no Brasil. Segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os domicílios de renda muito baixa enfrentaram um avanço inflacionário de 0,75%, acima dos 0,58% registrados em setembro. Em contrapartida, as famílias de renda alta tiveram um alívio, com a taxa caindo de 0,33% para 0,27% no mesmo período.
O grupo "alimentos e bebidas" foi o principal responsável pelo impacto sentido nas classes menos favorecidas, devido ao peso desses itens em seus orçamentos. Produtos como carnes (5,8%), óleo de soja (5,1%) e café (4%) apresentaram altas significativas. Nem mesmo a queda nos preços de alimentos in natura, como tubérculos (-2,5%) e frutas (-1,1%), foi suficiente para conter o aumento geral dos preços.
A energia elétrica também pressionou as despesas, com um reajuste de 4,7% devido à adoção da bandeira tarifária vermelha no nível 2.
Enquanto isso, famílias de renda alta foram beneficiadas por reduções nas tarifas de transporte público, combustíveis e passagens aéreas, que recuaram 11,5%. Esse alívio compensou altas em setores como lazer e recreação.
No acumulado do ano, a inflação atinge 4,17% para famílias de baixa renda, comparada a 3,20% entre as de renda alta. Em 12 meses, os percentuais são de 4,99% e 4,44%, respectivamente, evidenciando a desigualdade no impacto econômico da inflação.
A análise do Ipea reforça que itens essenciais, como alimentos e habitação, seguem sendo os maiores vilões para as classes mais vulneráveis, exigindo atenção a políticas que mitiguem esses efeitos.