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Zanone Fraissat - 22.jul.2024/Folhapress

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Política

Alexandre de Moraes usou TSE de forma ilegal para investigar apoiadores de Bolsonaro no STF

A Folha de SP obteve mensagens e áudios trocados por assessores diretos de Moraes no STF e no TSE.

Redação Pedra Azul News

14/08/2024 - 00:00:00 | Atualizada em 14/08/2024 - 09:14:00

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Zanone Fraissat - 22.jul.2024/Folhapress

Áudios obtidos pela Folha de S.Paulo mostram que o ministro Alexandre de Moraes, por meio de auxiliares, utilizou informalmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para embasar decisões no inquérito das Fake News no Supremo Tribunal Federal (STF). As mensagens, trocadas entre agosto de 2022 e maio de 2023, sugerem que Moraes usou o setor de combate à desinformação do TSE para obter relatórios sobre apoiadores de Jair Bolsonaro, procedimento que levanta questionamentos sobre a legalidade.

As conversas ocorreram pelo WhatsApp entre o juiz instrutor do STF, Airton Vieira, e Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Em diversas conversas, Vieira solicita relatórios específicos, direcionados para investigações que envolveram aliados do ex-presidente Bolsonaro. A Folha relata que, em um dos diálogos, Moraes se mostrou impaciente com a demora na obtenção dos dados, enviando sua equipe para agilizar a elaboração.

Um dos episódios destacados ocorreu em 28 de dezembro de 2022, após as eleições e às vésperas da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa data, Vieira questionou Tagliaferro sobre a inclusão de postagens do jornalista Rodrigo Constantino em um relatório, a pedido direto de Moraes. Apesar da relutância inicial, o perito do TSE acatou a ordem do ministro.

Alexandre de Moraes usou TSE de forma ilegal para investigar apoiadores de Bolsonaro no STF
Print de mensagem via WhatsApp em que Moraes faz pedido ao seu juiz instrutor Airton Vieira

Em outro momento, em 1º de janeiro, Vieira inviou a Tagliaferro cópia de decisões sigilosas de Moraes, sustentadas pelos relatórios obtidos. As decisões mencionaram que o TSE havia encaminhado os dados de forma espontânea, sem indicar as comunicações.

Procurado, o gabinete de Alexandre de Moraes afirmou que todas as comunicações ao TSE foram regulares e dentro dos procedimentos normativos. Em nota, o gabinete do ministro ressaltou que os relatórios fizeram parte das investigações sobre milícias digitais e notícias falsas, conduzidas em cooperação com a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal.

Até o momento, Airton Vieira não se pronunciou.

Inquérito das Fake News
O inquérito das Fake News foi aberto em março de 2019, logo nos primeiros meses do governo Bolsonaro, por ordem do ministro Dias Toffoli, que indicou Moraes como relator.

Alexandre de Moraes usou TSE de forma ilegal para investigar apoiadores de Bolsonaro no STF
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