O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, alcançando 14,25% ao ano. Esse patamar não era registrado desde outubro de 2016, quando o Brasil enfrentava uma das maiores crises econômicas de sua história, durante o governo de Dilma Rousseff.
Naquele período, o país passava por uma forte recessão. Entre 2015 e 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) acumulou uma retração de 6,7%, superando até mesmo a queda observada durante a pandemia de COVID-19. A inflação, medida pelo IPCA, atingiu 10,67% em 2015, enquanto o desemprego chegou a 11,5%.
Agora, mesmo com indicadores econômicos aparentemente mais estáveis, a Selic volta ao mesmo nível. A principal razão para isso está na necessidade de conter a inflação e atrair investimentos externos. Nos Estados Unidos, as taxas de juros seguem elevadas, o que força países emergentes como o Brasil a manterem seus próprios juros altos para evitar fuga de capital estrangeiro.
Internamente, o cenário fiscal preocupa. O aumento dos gastos públicos sem medidas concretas de controle das contas do governo gera incerteza no mercado, o que contribui para a desvalorização do real. Embora o dólar tenha recuado recentemente, sua cotação ainda está 16% acima do início de 2024. Isso encarece commodities, combustíveis e produtos importados, impactando diretamente a inflação e pesando mais sobre a população de baixa renda.
O Banco Central mantém a Selic elevada para tentar frear o avanço dos preços, mas o IPCA continua acima da meta estabelecida, indicando que os juros altos, por si só, não bastam para controlar a inflação.
Esse índice atual deve subir ainda mais na próxima reunião do Copom, em maio deste ano, já que o comitê sinalizou um novo aumento da Selic, ainda que de forma mais moderada. Caso a projeção se concretize, os juros reais alcançarão o nível mais alto desde 2006, durante o primeiro mandato de Lula.