O setor cafeeiro do Espírito Santo encerrou 2024 com resultados históricos, impulsionado pela expressiva valorização do café conilon. Em dezembro, o preço da saca de 60 quilos chegou a R$ 1.800, marcando um aumento de 143% em relação aos R$ 740 registrados no final de 2023. O Cenário de alta se manteve nos primeiros dias de 2025, com o preço alcançando R$ 1.851, conforme dados do Cepea.
Essa valorização é atribuída a um conjunto de fatores. Problemas logísticos e produtivos em países como Vietnã e Indonésia, principais produtores globais de café robusta, reduziram a oferta mundial. A escassez de chuvas, aliada a conflitos geopolíticos que dificultaram o transporte pelo Canal de Suez, contribuiu para o cenário de escassez. Em paralelo, a alta do dólar e a demanda crescente pelo conilon brasileiro impulsionaram as exportações, posicionando o grão capixaba como protagonista no mercado internacional.
No Espírito Santo, estado responsável por 70% da produção nacional de conilon, a seca e as temperaturas elevadas comprometeram significativamente a safra, com redução superior a 20% na colheita. Ainda assim, os preços elevados beneficiaram muitos produtores, que conseguiram investir em tecnologia e modernização. “Os valores recordes de 2024 deram fôlego aos cafeicultores, permitindo avanços na sustentabilidade e diversificação das lavouras”, explica Marcus Magalhães, especialista em mercado cafeeiro.
As perspectivas para 2025 são promissoras. Especialistas apontam que, com condições climáticas favoráveis, o norte do estado — região também relevante na produção de pimenta-do-reino e cacau — pode experimentar um ciclo de crescimento e prosperidade. A entrada do conilon na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e a equiparação tributária com o arábica também reforçam a competitividade do produto.
Carlos André Santos de Oliveira, diretor do Sistema OCB/ES, destaca o impacto positivo para a economia capixaba. “A inovação e a melhoria constante da qualidade dos grãos ampliam a competitividade, beneficiando produtores e toda a sociedade”, afirma. Com o mercado aquecido e uma safra robusta no horizonte, o conilon segue como um motor de crescimento para o Espírito Santo e o Brasil.