Pesquisas recentes têm lançado luz sobre o desempenho de estudantes cotistas e não-cotistas nas universidades públicas brasileiras. Dados do Censo da Educação Superior 2023, conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontaram que as taxas de conclusão dos cursos são ligeiramente superiores entre cotistas (51%) em relação aos não-cotistas (41%). Esses números reforçam o impacto positivo das políticas de ação afirmativa implementadas ao longo das últimas décadas.
Embora o desempenho acadêmico inicial de estudantes cotistas apresente, em algumas instituições, discrepâncias em relação aos não-cotistas, análises apontam que essas diferenças tendem a diminuir ao longo do curso. Um estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) revelou que cotistas tiveram, em média, um coeficiente de rendimento acadêmico (CRA) de 52,3, enquanto os não-cotistas registraram 53,7. Apesar da diferença, o desempenho acadêmico não diverge de forma significativa, evidenciando que os alunos cotistas conseguem acompanhar o ritmo de seus colegas.
Além disso, um levantamento do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas e Estratégias de Desenvolvimento, que analisou 53 estudos sobre o tema, concluiu que as notas dos estudantes cotistas são equivalentes às dos não-cotistas. Esses resultados desconstroem mitos de que as cotas comprometeriam a qualidade acadêmica nas universidades.
Especialistas também destacam o papel das cotas na democratização do acesso ao ensino superior e na redução das desigualdades sociais e raciais. "As políticas afirmativas possibilitam o acesso de grupos historicamente excluídos, contribuindo para a equidade", afirmou a pesquisadora Luana Silva, da Universidade de Brasília (UnB).
Embora desafios persistam, como o aumento do apoio pedagógico e psicológico a cotistas, os dados reforçam a importância das ações afirmativas para ampliar oportunidades educacionais e promover inclusão social no Brasil.