A crise financeira dos Correios se agravou e resultou no atraso no pagamento de parte dos funcionários. Desde 1969, os salários são pagos no último dia útil do mês, mas em janeiro deste ano, isso não ocorreu. Sob a administração de Fabiano Silva dos Santos, a estatal registrou um prejuízo recorde de R$ 3,2 bilhões em 2024, o que gerou pressão política e um pedido de CPI na Câmara dos Deputados.
Em São Paulo, trabalhadores protestaram contra o atraso. O Sintect-SP, sindicato da categoria, cobrou explicações da empresa e anunciou que entrará com ação na Justiça para garantir o cumprimento do acordo trabalhista. O presidente da entidade, Elias Diviza, criticou a decisão da gestão atual de centralizar os serviços de RH em Minas Gerais, o que teria causado falhas no sistema e afetado o pagamento.
Os Correios justificaram o problema como “inconsistências” em rubricas salariais e dados bancários desatualizados, afetando 124 funcionários. O sindicato, no entanto, contesta esse número e afirma que a situação é mais grave.
A atual administração dos Correios atribui a crise financeira da estatal à gestão anterior e à chamada "taxa das blusinhas", implementada pelo Ministério da Fazenda sob o comando de Fernando Haddad. No entanto, recentes decisões da própria diretoria também contribuíram para a fragilidade econômica da empresa. Entre elas, a desistência de uma ação trabalhista bilionária, a assunção de uma dívida de R$ 7,6 bilhões com o fundo de pensão Postalis e um gasto de aproximadamente R$ 200 milhões com benefícios como o "vale-peru".
Diante da piora nas contas, a estatal impôs um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para o ano, uma medida adotada em outubro e comunicada aos gestores no dia 11 do mesmo mês. O documento que formaliza essa decisão foi classificado como sigiloso. Atualmente, os Correios contam com um quadro de 84.700 funcionários.