O Brasil lidera na América o número de doenças transmitidas por vetores, incluindo dengue, febre amarela, leishmaniose e febre maculosa. Para compreender a disseminação destas doenças e desenvolver estratégias de combate, é fundamental entender tanto os microrganismos causadores quanto os insetos vetores e as condições ambientais que propiciam a propagação.
Com o propósito de expandir o conhecimento e aprofundar as técnicas de pesquisa nessa área, um curso internacional reuniu estudantes de pós-graduação e professores do Brasil e dos Estados Unidos de 1º a 6 de outubro, em Pedra Azul, Domingos Martins, no Espírito Santo.
O curso "Determinantes Ecológicos das Doenças Transmitidas por Vetores" (Detvetores), promovido pelo Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), aconteceu em colaboração com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e o Laboratório de Entomologia Médica da Flórida (FMEL), da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos.
O curso contou com a participação de dezessete estudantes de mestrado e doutorado, sendo ministrado por cerca de 20 professores e monitores de cinco instituições brasileiras – IOC/Fiocruz, UFES, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) – e duas americanas – FMEL e Universidade do Texas Medical Branch (UTMB).
As atividades foram coordenadas pelos pesquisadores Nildimar Honório, do IOC/Fiocruz; Luciana Stanzani e Aloísio Falqueto, da UFES; Tanise Stenn e Jorge Rey, do FMEL.
"No Brasil, temos muitos insetos vetores e muitas doenças vetoriais. Precisamos formar profissionais para entender mais sobre os vetores e as dinâmicas de transmissão desses agravos, para que possamos ter melhor vigilância e controle em prol da saúde da população. Essa é a principal motivação deste curso", destacou Nildimar, que lidera a organização da atividade desde 2011. A pesquisadora atua no Laboratório das Interações Vírus Hospedeiros do IOC e coordena o Núcleo Operacional Sentinela de Mosquitos Vetores da Fundação Oswaldo Cruz (Nosmove/Fiocruz).
"Trazer essa atividade para o Espírito Santo é ainda mais relevante considerando a carência de entomologistas [profissionais especializados na biologia de insetos] no nosso estado", acrescentou Luciana, bióloga da UFES, que, em sua tese de doutorado, identificou os mosquitos responsáveis pela transmissão da febre amarela no território capixaba durante a epidemia de 2017.
Durante cinco dias de aulas teóricas e práticas, foram abordados temas como o cenário das doenças vetoriais no Brasil, a diversidade e o comportamento dos mosquitos, os principais vírus transmitidos por vetores no país, a ameaça de patógenos pouco conhecidos, a resistência a inseticidas, as técnicas de captura e identificação de insetos vetores e as abordagens para mapeamento e análise estatística de dados em pesquisas.
É importante destacar que as aulas teóricas ocorreram no auditório da Casa do Turista em Pedra Azul, onde se encontra a sede do Montanhas Capixabas Convention.
Fonte: Assessoria de imprensa/Maíra Menezes