Na última quinta-feira (28), o dólar comercial alcançou o recorde histórico de R$ 6,00, atingindo R$6,11 na manhã desta sexta-feira (29), impulsionado pela reação do mercado às novas medidas fiscais anunciadas pelo governo federal.
A cotação alcançou seu pico histórico após o governo anunciar um ajuste fiscal de 70 bilhões de reais até 2026, acompanhado de uma redução de impostos para cidadãos com renda mensal de até 5 mil reais, como forma de mitigar os impactos sociais da medida. Então logo o mercado se atentou que o governo federal não seria muito rígido quanto ao tão esperado corte de gastos.
O impacto da valorização da moeda norte-americana é amplamente sentido na economia brasileira e no bolso da população, com efeitos que vão desde o aumento da inflação até o encarecimento de bens e serviços. A alta representa uma desvalorização do real, o que reduz o poder de compra da moeda nacional e encarece produtos e serviços, desde alimentos básicos até viagens de férias.
Os efeitos são sentidos em cadeia. Produtos como carnes, trigo, combustíveis e até itens típicos de fim de ano, como vinhos e chocolates, ficaram mais caros. Isso porque muitos desses produtos são importados ou dependem de insumos precificados em dólar, como ração para animais e fertilizantes. Além disso, produtores tendem a priorizar exportações devido à valorização da moeda estrangeira, reduzindo a oferta no mercado interno e elevando os preços.
No setor de transporte, os custos de combustíveis, também atrelados ao dólar, impactam desde viagens de carro até passagens aéreas. Presentes e roupas, mesmo os fabricados no Brasil, também sofrem reajustes, pois a matéria-prima ou a logística dependem da cotação internacional.
Especialistas destacam que os aumentos, mesmo que graduais, são permanentes. "Os preços podem subir mais devagar, mas não vão retroceder ao patamar de um ano atrás", afirma Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV.
Com a projeção de um dólar forte até 2025, o cenário impõe desafios ao governo e às empresas. O impacto inflacionário é inevitável, afetando o custo de vida e reduzindo o acesso a bens e serviços, especialmente para as famílias brasileiras.