Volta e meia o debate político no Brasil se volta para a questão de quem deve prevalecer em sua influência na sociedade, o Estado ou o mercado. Contenda entre liberais e socialistas, aqueles defendem as forças de mercado e estes a intervenção do Estado, com o traço em comum de sempre demonizar o lado oposto.
Ocorre que a experiência tem mostrado que o pressuposto dessa contenda está errado. Não há uma força boa e outra má. Ao contrário, há duas dimensões que atuam, respectivamente, em sua esfera própria.
Os países que conseguiram se desenvolver com êxito sempre souberam jogar com forças de mercado em conjunto com o Estado. O desafio está sempre em encontrar o equilíbrio que garanta um desenvolvimento saudável da economia e da sociedade, sem permitir as distorções que as forças de mercado geram, por um lado, e sem se deixar cair num intervencionismo demasiado que destrói a liberdade do homem, por outro.
A região das montanhas de nosso estado tem dado um verdadeiro exemplo a ser seguido em todo o país. Recentemente foi inaugurada oficialmente a Rota Azul. Uma poderosa iniciativa de empresários locais que, desde 2019, se articularam para criar uma rota que abrangesse Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante e Castelo.
A ideia foi à frente e hoje o Poder Público, finalmente, abraçou o projeto que está em vias de se tornar lei. É verdade que, nesse caso, o Poder Público chegou tarde. Os empresários tiveram que dar conta de demandas próprias do Estado, como a instalação de placas. Mas antes tarde do que nunca. Ao que tudo indica, muito em breve, já será viável a destinação de recursos públicos para a Rota.
Ano passado, tivemos outro grande exemplo vindo de nossas montanhas. O azeite de abacate, produzido em Venda Nova do Imigrante. Mais uma vez, a iniciativa privada teve a ideia e arregaçou as mangas. Em determinado momento, foi necessária ajuda da inteligência especializada para o desenvolvimento da tecnologia que possibilita a produção do azeite. Foi aí que entrou em cena o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) que deu todo o suporte para o desenvolvimento que a iniciativa privada precisava e não tinha à mão. Resultado: nossas montanhas hoje são destaque na produção do azeite de abacate.
Tudo isso nos mostra que a discussão entre mercado e Estado deve ser recolocada em outros termos, não como forças excludentes, mas complementares. A questão chave será sempre encontrar o ponto de equilíbrio entre essas forças. Assim, proporcionamos desenvolvimento e prosperidade no mais pleno exercício da livre iniciativa empreendedora.