A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo Lula (PT) foi acusada de desinformação ao negar, em comunicado oficial, que o governo brasileiro recusou uma oferta de assistência do Uruguai para lidar com as inundações no Rio Grande do Sul. Na última terça-feira (7), a Folha de S. Paulo revelou que o Brasil dispensou a oferta, que incluía lanchas, drones e um avião, para auxiliar no socorro às vítimas das enchentes.
O pedido de ajuda partiu do governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), e envolvia o empréstimo de duas lanchas motorizadas, com as suas tripulações, dois drones para busca de pessoas em situação de isolamento, com os respectivos operadores uruguaios, e de um avião de transporte Lockheed KC-130 H Hercules. O governo uruguaio aceitou a solicitação, disponibilizando, inclusive, um helicóptero de resgate, que já está operando no estado.
A Secom usou o caso do helicóptero para justificar que o Brasil não recusou ajuda, ignorando a recusa da oferta do avião uruguaio. A nota oficial também omitiu as lanchas e drones colocados à disposição pelo país vizinho.
O deputado federal Marcel van Hattem (NOVO-RS) desmentiu a publicação do presidente Lula em suas redes sociais, afirmando que esteve em Brasília com o Embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles, que confirmou a recusa do governo brasileiro de outros materiais de apoio, como um avião KC-130 para transporte, lanchas e drones.
A Defesa afirmou que a recusa se deu por restrições nas pistas de pouso em Porto Alegre, citando o KC-390 como alternativa. Contudo, há controvérsias, já que o governo do RS mencionou outras pistas aptas a receber a aeronave uruguaia.
O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, solicitou explicações ao governo e afirmou que o Brasil ainda precisa de botes e drones. O governo uruguaio reiterou sua oferta, deixando claro que os equipamentos estão prontos para serem enviados caso o governo brasileiro solicite.
Diante dessas revelações, a atuação do governo Lula em relação à oferta de ajuda do Uruguai para o RS é questionada, colocando em xeque sua transparência e eficácia no gerenciamento de crises.