O ministro José Antonio Dias Toffoli, do STF, concedeu liminar nesta quarta-feira (20), suspendendo a multa de R$10,3 bilhões imposta ao Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, conhecidos pela JBS. A penalidade originou-se de um acordo de leniência com o MPF na Operação Greenfield. O recurso, incluindo a anulação da multa, aguarda análise pelo Plenário do Supremo.
A defesa da empresa, em revisão do acordo, é conduzida pelo escritório da esposa do ministro Cristiano Zanin. Ele se declarou impedido no mês passado de casos do Grupo J&F, sendo indicado pouco antes do escritório assumir a defesa. O ministro Lewandowski, ex-STF e consultor sênior da J&F, herdou os casos, mas Zanin assumiu posteriormente.
A defesa busca eximir-se do pagamento acordado em 2017 com o MPF para encerrar investigações em quatro operações policiais. A quantia destinava-se a empresas públicas prejudicadas e ao Tesouro Nacional, com cerca de R$2 bilhões já pagos.
O processo foi suspenso por revisão do pagamento, alegando "ilegalidades no cálculo do valor" no TRF-1. Em novembro, o STJ determinou a cobrança da multa, argumentando comprometimento da ordem pública.
No novo recurso no Supremo, a J&F obteve êxito em três dos quatro pedidos, incluindo acesso às mensagens hackeadas da Operação Spoofing e suspensão das obrigações pecuniárias até análise das mensagens. O pedido negado envolvia anulação de negócios jurídicos decorrentes da inconstitucionalidade estrutural das operações.
No embate judicial bilionário com a Paper Excellence, controlada pela família Widjajas da Indonésia, a J&F utilizou pareceres de Lewandowski. Os valores cobrados pelo ministro permanecem em sigilo, não sendo considerada prática ilegal.