A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco, como parte de um grupo de 37 pessoas que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os indiciados são suspeitos de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O relatório final, que apresenta a lista de indiciados, foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado pela PF. A investigação está ligada a um suposto plano de assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Militares e policiais já foram presos no âmbito dessa apuração.
Segundo a defesa do padre, liderada pelo advogado Miguel Vidigal, a publicação da lista de indiciados é ilegal e fere a determinação de sigilo absoluto das investigações, supostamente decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. “Quem deu autorização à Polícia Federal para romper o sigilo? Não há qualquer decisão do magistrado nesse sentido”, questionou Vidigal.
O advogado também afirmou que houve abuso na investigação, citando que conversas e orientações espirituais protegidas por sigilo foram acessadas pelos investigadores. Ele classificou a divulgação do indiciamento do padre como um ato que contamina a credibilidade da instituição policial.
Vale destacar que o indiciamento é um procedimento administrativo da polícia e não implica condenação. O Ministério Público analisará os indícios apresentados para decidir se prosseguirá com denúncias formais contra os investigados.
O padre José Eduardo foi alvo de busca e apreensão pela PF em fevereiro, sob a suspeita de integrar o "núcleo jurídico" de um suposto golpe de Estado, ao lado de figuras como Bolsonaro, ex-ministros e aliados políticos. O caso segue sob sigilo parcial, com desdobramentos aguardados.