Sem alarde, o Partido dos Trabalhadores (PT) assinou uma resolução do Foro de São Paulo que reconhece a vitória eleitoral de Nicolás Maduro na Venezuela. O documento foi elaborado durante uma reunião do grupo de partidos de esquerda no México, antes da posse de Claudia Sheinbaum como presidente do país.
Presente no encontro, Mônica Valente, integrante da Executiva Nacional do PT e secretária executiva do Foro, assinou a resolução. No entanto, o partido evitou divulgar o apoio ao regime venezuelano para evitar repercussões negativas nas eleições municipais, segundo fontes do próprio PT.
A adesão à resolução gerou desconforto em alguns setores da legenda. O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou à CNN que a posição do partido sobre a Venezuela está desconectada do pensamento da maioria dos simpatizantes e do presidente Lula. "Somos um partido comprometido com a democracia, e a situação na Venezuela causa constrangimento para a América Latina", declarou Lopes.
Por outro lado, Ana Prestes, secretária de relações internacionais do PCdoB, criticou a postura do governo brasileiro diante da crise política no país vizinho, afirmando que a posição de Brasília é "confusa" e precisa ser mais clara. Prestes minimizou declarações do procurador-geral venezuelano, Tarek Saab, que acusou Lula de ser um "agente da CIA", e disse que Maduro não endossou tais alegações.
Apesar do apoio formal à reeleição de Maduro, o presidente Lula já expressou discordância com a posição oficial do PT, afirmando, em entrevistas, que não considera a Venezuela uma ditadura, mas sim um "regime muito desagradável".